Vivi Fernandes
Ronaldo Rodrigues e Gustavo Lethier
Viviani Fernandes de Lima entrou na faculdade de Jornalismo
já pensando em poder trabalhar na área da qual sempre gostou. A menina da
baixada fluminense largou outros dois cursos universitários, começou o jornalismo
e batalhou para realizar seu desejo. O percurso, como era de se esperar, não
foi simples. Mas as indefinições e as mudanças durante a carreira nunca tiraram
o foco da jornalista que queria falar de cultura.
Viviani, hoje com 34 anos e um filho, foi morar em Niterói
com 19 para cursar Direito na UFF ao mesmo tempo em que estudava Relações Públicas na Uerj. Apesar das tarefas
dos dois cursos conseguia tempo para socializar e conhecer os outros campi da
Federal Fluminense. Através de uma amiga, começou a frequentar o famoso
"campus da casa rosa", o Iacs (Instituto de Artes e Comunicação Social). O clima
de descontração, produção intelectual e liberdade arrebatou a jovem, e que,
somado ao gosto por escrever, a fez mudar o rumo de sua vida.
Foto: Mariana Pimenta |
Talvez, essa amplitude de interesses explique o porquê de
ela considerar o aprender “um pouco de tudo” como a especialidade do
Jornalismo. Para a jornalista é esta especificidade da profissão, esta
possibilidade de estar sempre mudando, um dos elementos que a motiva a seguir
novos rumos. Quando perguntada o que espera estar fazendo daqui a alguns anos
não vacilou em responder: “Fazer a mesma coisa não, eu gosto sempre de mudar. É
bom você sempre fazer outras coisas, mudar e seguir por novos caminhos”.
Ainda estudante, ofereceu pautas para revista de música
O percurso profissional de Vivi teve início da mesma forma que para grande
parte dos estudantes de jornalismo, em estágios nos jornais e veículos de
comunicação. Até que um de seus interesses a levou a praticamente criar sua
primeira oportunidade no ramo cultural. A jornalista contou: “Descobri uma
revista de música, a Música
Brasileira, e fiz contato. Esse assunto sempre me interessou muito, então mandei
uma sugestão de pauta para o Luís Pimentel, editor da revista. Não recebi
resposta alguma, ele nem deve ter dado atenção. Até que mandei a matéria feita.
Ele gostou, fui convidada para colaborar com a revista e alguns meses depois eu
estava estagiando lá”.
Foi nessa época, e por indicação de Luís, que a até então
Viviani Fernandes de Lima passou a assinar Vivi Fernandes de Lima. Segundo ela,
o motivo foi a praticidade. “Assim não tinha de ficar explicando sempre que era
Viviani com 'i'”. Mantendo sua vocação e iniciativa, mesmo antes de se formar, a
moça com seus vinte e poucos anos criou o projeto de uma revista de música, a
Pauta, e apresentou para a União Brasileira de Compositores. A iniciativa foi
aprovada e, no lugar de procurar um emprego, Vivi abriu uma empresa e levou à
frente o projeto.
Com o tempo deixou a revista Pauta de lado e buscou
colocação no mercado de trabalho. Teve
experiências em redações e viveu o dia-a-dia das apurações para os meios
impressos, sem nunca deixar de lado, porém, a produção no meio cultural. Mas é
nas revistas que a jornalista encontra seus grandes prazeres na profissão.
Elaborar bem suas reportagens, se aprofundar em pesquisas e apurações, além de criar
textos que cativem e prendam os leitores.
Tornar-se editora não esfriou paixão pela reportagem
Atualmente, Vivi é editora assistente na Revista de História
da Biblioteca Nacional. Há três anos na revista, hoje ela está como editora
interina. A jornalista diz se sentir bem à vontade para executar as tarefas e
assumir a responsabilidade de uma grande publicação, apesar de nunca ter
estudado História, especificamente. Ela conta que as pesquisas são bastante
estimulantes, e que, mesmo realizando, normalmente, um trabalho nos bastidores
da revista, não abandona as pautas especiais, que constituem a melhor parte do
trabalho jornalístico.
“Eu estou como editora, mas o mais bacana é a reportagem.
Como editora eu não precisaria escrever, mas é o que gosto, o que acho mais
bacana. É também um jeito de sair da rotina e aprender coisas novas. Você tem
que estar sempre ligado, porque o mais interessante de uma pauta pode surgir
depois de inúmeras entrevistas com o texto já encaminhado, e você tem de mudar
tudo. É sempre um novo desafio”, declara.
Vivi também está participando da produção do documentário
Samba e Jazz – irmãos na negritude, e está iniciando, junto com um amigo, a
preparação de um livro também sobre música. Ela aponta, ainda, que o trabalho na
área cultural tem seus prós e contras, que podem ser controlados com um pouco
de sensibilidade. O jornalismo cultural abre as portas para um novo mundo, e
possibilita sempre boas relações entre fontes e jornalistas.
Sobre o legado que a UFF lhe deixou, Vivi enumera
principalmente: tudo que aprendeu, o conhecimento adquirido em sala de aula e
em conversas informais com os professores, o clima do Iacs, e os momentos de
confraternização entre amigos.
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