Interesses múltiplos enriqueceram a formação em jornalismo de Vivi Fernandes de Lima

domingo, 17 de junho de 2012 0 comentários

Vivi Fernandes

Ronaldo Rodrigues e Gustavo Lethier

Viviani Fernandes de Lima entrou na faculdade de Jornalismo já pensando em poder trabalhar na área da qual sempre gostou. A menina da baixada fluminense largou outros dois cursos universitários, começou o jornalismo e batalhou para realizar seu desejo. O percurso, como era de se esperar, não foi simples. Mas as indefinições e as mudanças durante a carreira nunca tiraram o foco da jornalista que queria falar de cultura.

Viviani, hoje com 34 anos e um filho, foi morar em Niterói com 19 para  cursar Direito na UFF ao mesmo tempo em que estudava Relações Públicas na Uerj. Apesar das tarefas dos dois cursos conseguia tempo para socializar e conhecer os outros campi da Federal Fluminense. Através de uma amiga, começou a frequentar o famoso "campus da casa rosa", o Iacs (Instituto de Artes e Comunicação Social). O clima de descontração, produção intelectual e liberdade arrebatou a jovem, e que, somado ao gosto por escrever, a fez mudar o rumo de sua vida.

Foto: Mariana Pimenta
Os múltiplos pontos de interesse se refletiam na vida acadêmica da jornalista. A passagem por cursos diferentes nunca foi encarado como um problema. A jovem teve a oportunidade de agregar à sua formação conhecimento de diferentes disciplinas. Além de Direito, Relações Públicas e Comunicação Social, ela esteve perto de concluir o curso de Cinema, também na UFF, e uma pós em Literatura. Se formar nos cursos pode não ter sido possível ou interessante, mas Viviani garante que de cada um trouxe aprendizados importantes.

Talvez, essa amplitude de interesses explique o porquê de ela considerar o aprender “um pouco de tudo” como a especialidade do Jornalismo. Para a jornalista é esta especificidade da profissão, esta possibilidade de estar sempre mudando, um dos elementos que a motiva a seguir novos rumos. Quando perguntada o que espera estar fazendo daqui a alguns anos não vacilou em responder: “Fazer a mesma coisa não, eu gosto sempre de mudar. É bom você sempre fazer outras coisas, mudar e seguir por novos caminhos”.


Ainda estudante, ofereceu pautas para revista de música

O percurso profissional de Vivi teve início da mesma forma que para grande parte dos estudantes de jornalismo, em estágios nos jornais e veículos de comunicação. Até que um de seus interesses a levou a praticamente criar sua primeira oportunidade no ramo cultural. A jornalista contou: “Descobri uma revista de música, a Música Brasileira, e fiz contato. Esse assunto sempre me interessou muito, então mandei uma sugestão de pauta para o Luís Pimentel, editor da revista. Não recebi resposta alguma, ele nem deve ter dado atenção. Até que mandei a matéria feita. Ele gostou, fui convidada para colaborar com a revista e alguns meses depois eu estava estagiando lá”.

Foi nessa época, e por indicação de Luís, que a até então Viviani Fernandes de Lima passou a assinar Vivi Fernandes de Lima. Segundo ela, o motivo foi a praticidade. “Assim não tinha de ficar explicando sempre que era Viviani com 'i'”. Mantendo sua vocação e iniciativa, mesmo antes de se formar, a moça com seus vinte e poucos anos criou o projeto de uma revista de música, a Pauta, e apresentou para a União Brasileira de Compositores. A iniciativa foi aprovada e, no lugar de procurar um emprego, Vivi abriu uma empresa e levou à frente o projeto.

Com o tempo deixou a revista Pauta de lado e buscou colocação no mercado de trabalho.  Teve experiências em redações e viveu o dia-a-dia das apurações para os meios impressos, sem nunca deixar de lado, porém, a produção no meio cultural. Mas é nas revistas que a jornalista encontra seus grandes prazeres na profissão. Elaborar bem suas reportagens, se aprofundar em pesquisas e apurações, além de criar textos que cativem e prendam os leitores.

Tornar-se editora não esfriou paixão pela reportagem

Atualmente, Vivi é editora assistente na Revista de História da Biblioteca Nacional. Há três anos na revista, hoje ela está como editora interina. A jornalista diz se sentir bem à vontade para executar as tarefas e assumir a responsabilidade de uma grande publicação, apesar de nunca ter estudado História, especificamente. Ela conta que as pesquisas são bastante estimulantes, e que, mesmo realizando, normalmente, um trabalho nos bastidores da revista, não abandona as pautas especiais, que constituem a melhor parte do trabalho jornalístico.

“Eu estou como editora, mas o mais bacana é a reportagem. Como editora eu não precisaria escrever, mas é o que gosto, o que acho mais bacana. É também um jeito de sair da rotina e aprender coisas novas. Você tem que estar sempre ligado, porque o mais interessante de uma pauta pode surgir depois de inúmeras entrevistas com o texto já encaminhado, e você tem de mudar tudo. É sempre um novo desafio”, declara.

Vivi também está participando da produção do documentário Samba e Jazz – irmãos na negritude, e está iniciando, junto com um amigo, a preparação de um livro também sobre música. Ela aponta, ainda, que o trabalho na área cultural tem seus prós e contras, que podem ser controlados com um pouco de sensibilidade. O jornalismo cultural abre as portas para um novo mundo, e possibilita sempre boas relações entre fontes e jornalistas.

Sobre o legado que a UFF lhe deixou, Vivi enumera principalmente: tudo que aprendeu, o conhecimento adquirido em sala de aula e em conversas informais com os professores, o clima do Iacs, e os momentos de confraternização entre amigos.

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