Perfis

Táia Rocha

Sandra Amancio


Conhecida nos tempos de escola como a “menina que gostava de escrever”, Táia Rocha desde os nove anos já sabia qual seria a sua profissão: jornalista. Foi com essa idade que ela e a irmã decidiram criar o pequeno jornal “Gazeta de Niterói”, em Volta Redonda, após a ocorrência de um assassinato perto de sua casa. Foi aí que a paixão pelo jornalismo começou. Mas a experiência na área de “jornalismo investigativo” ficou restrita apenas a esse fato, pois o que Táia adora mesmo é escrever sobre cultura, em especial, sobre música.

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e em música pela Escola Villa Lobos, Táia é uma dos ex-alunos da UFF que participarão do Controversas Cultura, em 18 de junho. A jovem jornalista, formada em 2010, trabalhou com jornalismo cultural no Jornal do Brasil (JB) e na Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura do Rio de Janeiro. Atualmente, ela é editora júnior da agência de notícias EFE, depois de passar alguns meses editando duas revistas na agência de comunicação Cajá.

Para ela, uma das melhores experiências foi no JB. “Eu trabalhava muito, já cheguei a sair da redação às 3h da manhã, chorava de cansaço. Mas foi onde eu mais aprendi, e, principalmente, sobre termos de teatro”, destaca. Quando estava no penúltimo ano da faculdade e descobriu que o JB estava selecionando estagiários, Táia pediu a alguns amigos que trabalhavam no jornal para ser indicada. Ela começou no JB Niterói e depois foi transferida para o caderno B, onde escrevia sobre artes plásticas. Ficou no jornal até se dar conta de que não seria possível escrever a monografia trabalhando no JB.

Outras experiências da jornalista

No mesmo mês em que se formou na UFF, Táia começou a trabalhar na Secretaria de Cultura. Ela era responsável pelas mídias sociais e foi durante a sua gestão que o Twitter da Secretaria passou de dois mil para quase 10 mil seguidores. E não foi só isso que Táia “revolucionou” enquanto trabalhava na Secretaria: ela foi a primeira mulher a gravar os áudios que são tocados nas aberturas das peças dos dez teatros municipais. A sua voz é ouvida até hoje no início das sessões teatrais. “Quando nós fazemos o que gostamos, não tem jeito, somos muito mais proativos”, afirma Táia, que se candidatou logo que soube que os áudios seriam regravados.

Mesmo atualmente não trabalhando com a sua paixão, que é o jornalismo cultural, Táia vê como uma excelente oportunidade o trabalho na EFE. “Estar sempre aprendendo é uma das melhores coisas da profissão. Nunca imaginei que fosse me interessar por medicina do trabalho. No período em que estive na Cajá, passei a estudar e me interessar sobre o assunto”.

Táia já vendeu exemplares de sua produção jornalística (os exemplares de sua “Gazeta de Niterói, que custavam R$ 0,50), mas hoje prefere uma distribuição mais democrática. Ela divide as suas experiências e conhecimentos numa plataforma gratuita e acessível a qualquer pessoa que se interessa por questões ligadas “a morar sozinha”. Vale a pena conferir o blog da jornalista e, é claro, a sua participação no Controversas.

Veja aqui algumas publicações da jornalista no JB e escute o áudio das aberturas das sessões teatrais gravado por Táia.





Cláudia Lamego 

Roberta Amazonas

Não é fácil organizar e coordenar eventos que envolvem todos os setores que estão espalhados pelos oito andares da empresa. Mesmo com uma equipe operacional que conta com sete pessoas para auxiliar nos trabalhos, montar roteiros de cerimônias, escrever discursos, ir até os locais onde os eventos serão realizados para avaliar o espaço e ainda manter a calma não é para qualquer um. “Essa parte de eventos é bem agitada, porque são muitos lançamentos, muitos encontros. Às vezes até um jantar para parceiros a gente faz”, comenta Cláudia Lamego, Coordenadora de Imprensa e Eventos da Fundação Roberto Marinho.


Há dois anos na empresa, Cláudia tem 37 anos e se formou em Jornalismo na UFF em 2002. Antes, contudo, cursou quatro anos de Economia e um período de publicidade. “Na época do vestibular, com 18 anos, ninguém sabe o que quer da vida, e a área de Comunicação era muito distante da minha realidade. Eu estudava Economia na UFF e um dia resolvi cursar uma eletiva na Comunicação. Pensei: gente, aqui é a minha casa”, conta Cláudia, que em 1998 fez a prova de transferência de curso da UFF.


Aluna aplicada em uma turma bastante criativa e militante, Cláudia e os amigos criaram, no 5º período, um jornal produzido pelos próprios estudantes e impresso na gráfica da universidade, o “Caroço”, que só contou com quatro edições.


“Nós éramos muito criativos, fazíamos os textos a 20 mãos. A gente começava o texto na aula, aí um escrevia uma frase, o outro escrevia mais uma, então pensamos que tínhamos que fazer alguma coisa, a gente tinha que publicar. A gente tinha reunião de pauta, dividia quem ia fazer o quê. O jornal tinha texto literário, conto, entrevista. Chegamos a ir na Caros Amigos uma vez fazer matéria. Depois que a gente criou o blog", diz.

Quando se formou, Cláudia já era estagiária no jornal O Globo e passou para trainee na editoria de Política, até que foi para os jornais de bairros. Ficou no veículo por dez anos. Cláudia volta e meia era emprestada para a editoria Nacional, onde cobriu as eleições de 2002, acompanhou a campanha estadual e cobriu o escândalo do mensalão em 2004, entre outros. No entanto, a rotina sem horário fixo tornou-se complicada quando teve seu filho em 2008.


Convidada por uma amiga, Cláudia foi trabalhar, então, na assessoria de imprensa da EBX, onde ficou apenas seis meses. “Era mais loucura ainda. O Eike toda hora inventa um negócio novo. E o que eu queria era um momento mais tranquilo”, afirma. Ao sair da assessoria, Cláudia chegou a fazer uma entrevista para trabalhar na campanha do governador Sérgio Cabral, mas antes de fechar qualquer acordo foi chamada para trabalhar na Fundação Roberto Marinho, onde começou como coordenadora de conteúdo no setor de Imprensa e foi acumulando funções até ser promovida ao cargo atual. “Eu gosto muito daqui e eu vim para cá porque era um lugar onde eu poderia ter de novo o que eu tinha no Globo, que é estabilidade”, explica Cláudia.



Ulisses Mattos

Gabriela Charpinel

Depois de entrar em crise por ter sido eliminado de um concurso de slogans da Casa & Vídeo, Ulisses Mattos não teve mais dúvidas sobre que habilitação escolher no vestibular para Comunicação Social e tornou-se jornalista, formado pela UFF em 1996.

Nos últimos anos, porém, Ulisses assumiu tarefas diversas na área da Comunicação e hoje precisa de mais alguns substantivos para definir sua profissão. Jornalista, roteirista, humorista e conteudista é como costuma ser chamado, nem sempre nessa ordem.

“Outro dia, levei uma dura da polícia, em uma madrugada em Bonsucesso. Diante da interpelação um tanto bruta do PM, com metralhadora, respondi ‘roteirista’ quando ele me perguntou a profissão. Ou seja, sob pressão, já digo que sou roteirista.”

Quando era só jornalista, Ulisses trabalhou no Jornal do Brasil, onde passou pela editoria de TV, cobriu cinema para a Programa e chegou ao Caderno B, como editor. Já nessa época, escrevia com pseudônimo para o já extinto site Cocadaboa, o que, segundo ele, foi importante para começar a se meter com humor.

Motivado pelo desejo de criar e insatisfeito com os mecanismos tradicionais de produção de notícias, pautados por assessorias de imprensa e interesses das empresas jornalísticas, Ulisses resolveu abandonar as redações e se arriscar num jornalismo mais alternativo.

“É difícil ser criativo no jornalismo tradicional. Falta espaço e tempo para isso.”

Nessa fase, fundou e editou o Avenida Central, com a cobertura cultural e de entretenimento do Centro do Rio. Já migrando para o humor, passou a editar a revista “M...”, hoje em transição para a web. Também colaborou com revistas como a Playboy e a Veja.com, além de publicações institucionais. Ainda faz alguns trabalhos como jornalista free lancer, mas diz que está tentando parar.

Atualmente, abastece o Twitter @na_Kombi, do qual é um dos criadores. Com mais de 47.000 seguidores, o perfil de humor coletivo já ganhou livro com coletânea de frases, publicado pela Editora Barba Negra, em parceria com a Leya. Também é um dos integrantes do Alta Cúpula, grupo que produz vídeos de humor para a internet e tem milhares de acessos no Youtube.  Em 2007, atendendo a um convite, resolveu se aventurar no Stand-Up, apesar de se declarar bastante tímido.

“Acho que foi depois de botar a cara à tapa num palco que as pessoas começaram a se interessar pelo meu material e fui chamado para escrever roteiros. Há uma diferença entre o jornalista engraçadinho e o redator de humor. Fazer stand-up me ajudou a fazer a travessia, acho. Passei a ser chamado de humorista.”

Graças a tal travessia, Ulisses já fez episódios para as séries Open Bar e os Os Gozadores, escreveu para duas temporadas do Sensacionalista e para o Prêmio Multishow de Humor, todos do canal Multishow.

Alguns links para conferir:



Quem tiver interesse, pode procurar o Twitter pelo endereço: http://twitter.com/#!/Na_Kombi



Flávia Midori

Nívia Passos

Toda a correria para a edição de um livro faz parte do cotidiano de Flávia Midori. Porém, para ela, o esforço vale a pena quando o exemplar que ajudou a produzir aparece nas prateleiras das livrarias. Formada em 2009, a ex-aluna de Jornalismo do Iacs já passou pelas editoras Sextante, Nova Fronteira e Ediouro. Atualmente, aos 29 anos, é produtora editorial da Reader´s Digest Brasil.

Além de achar interessante e dinâmica  a parte de correr atrás da notícia e produzi-la, Flávia afirma que o interesse pela leitura foi o principal fator para escolher o curso. No início da faculdade, seu objetivo era unir jornalismo e cinema, trabalhando como crítica cinematográfica. “Sonhava em ganhar dinheiro vendo filmes. Doce ilusão!”, brinca. Para ela, o mercado do jornalismo está saturado há um bom tempo, mas, na área de cultura, conseguir um espaço é ainda mais difícil.

No início da carreira, Flávia trabalhou corrigindo e revisando artigos. Seu contato com as editoras começou em 2007, quando entrou como estagiária numa editora de apostilas didáticas e corporativas. Por dois anos, ela cursou a faculdade de Jornalismo junto com a de Letras, na UFRJ, e foi por ter os dois cursos no currículo que a Editora Ediouro a chamou para trabalhar como estagiária.  “Sempre gostei de livros, mas caí na editora de paraquedas. Não sabia nada sobre processo editorial. Entrei lá só sabendo português e acabei gostando da coisa. Estava meio perdida, terminando a faculdade de Jornalismo, mas sem querer trabalhar na área, não sabia que rumo tomar. Na Ediouro, descobri”, ressalta.

Saber bem o português – incluindo as novas regras do acordo ortográfico – ter bom senso, iniciativa e fazer contatos são os requisitos que Flávia destaca como fundamentais para quem quer trabalhar em editoras. “É imprescindível fazer networking no mercado editorial, que é do tamanho de um ovo. Fazer cursos na área também é um ponto a favor no currículo. Infelizmente, conhecer todo mundo e ter 'QI' (quem indica, pistolão) é quase fundamental. Eu, por acaso, tive sorte.”


Viviani Fernandes




Ronaldo Rodrigues e Gustavo Lethier

Viviani Fernandes de Lima entrou na faculdade de Jornalismo já pensando em poder trabalhar na área da qual sempre gostou. A menina da baixada fluminense largou outros dois cursos universitários, começou o jornalismo e batalhou para realizar seu desejo. O percurso, como era de se esperar, não foi simples. Mas as indefinições e as mudanças durante a carreira nunca tiraram o foco da jornalista que queria falar de cultura.

Viviani, hoje com 34 anos e um filho, foi morar em Niterói com 19 para  cursar Direito na UFF ao mesmo tempo em que estudava Relações Públicas na Uerj. Apesar das tarefas dos dois cursos conseguia tempo para socializar e conhecer os outros campi da Federal Fluminense. Através de uma amiga, começou a frequentar o famoso "campus da casa rosa", o Iacs (Instituto de Artes e Comunicação Social). O clima de descontração, produção intelectual e liberdade arrebatou a jovem, e que, somado ao gosto por escrever, a fez mudar o rumo de sua vida.

Os múltiplos pontos de interesse se refletiam na vida acadêmica da jornalista. A passagem por cursos diferentes nunca foi encarado como um problema. A jovem teve a oportunidade de agregar à sua formação conhecimento de diferentes disciplinas. Além de Direito, Relações Públicas e Comunicação Social, ela esteve perto de concluir o curso de Cinema, também na UFF, e uma pós em Literatura. Se formar nos cursos pode não ter sido possível ou interessante, mas Viviani garante que de cada um trouxe aprendizados importantes.

Talvez, essa amplitude de interesses explique o porquê de ela considerar o aprender “um pouco de tudo” como a especialidade do Jornalismo. Para a jornalista é esta especificidade da profissão, esta possibilidade de estar sempre mudando, um dos elementos que a motiva a seguir novos rumos. Quando perguntada o que espera estar fazendo daqui a alguns anos não vacilou em responder: “Fazer a mesma coisa não, eu gosto sempre de mudar. É bom você sempre fazer outras coisas, mudar e seguir por novos caminhos”.


Ainda estudante, ofereceu pautas para revista de música

O percurso profissional de Vivi teve início da mesma forma que para grande parte dos estudantes de jornalismo, em estágios nos jornais e veículos de comunicação. Até que um de seus interesses a levou a praticamente criar sua primeira oportunidade no ramo cultural. A jornalista contou: “Descobri uma revista de música, a Música Brasileira, e fiz contato. Esse assunto sempre me interessou muito, então mandei uma sugestão de pauta para o Luís Pimentel, editor da revista. Não recebi resposta alguma, ele nem deve ter dado atenção. Até que mandei a matéria feita. Ele gostou, fui convidada para colaborar com a revista e alguns meses depois eu estava estagiando lá”.

Foi nessa época, e por indicação de Luís, que a até então Viviani Fernandes de Lima passou a assinar Vivi Fernandes de Lima. Segundo ela, o motivo foi a praticidade. “Assim não tinha de ficar explicando sempre que era Viviani com 'i'”. Mantendo sua vocação e iniciativa, mesmo antes de se formar, a moça com seus vinte e poucos anos criou o projeto de uma revista de música, a Pauta, e apresentou para a União Brasileira de Compositores. A iniciativa foi aprovada e, no lugar de procurar um emprego, Vivi abriu uma empresa e levou à frente o projeto.

Com o tempo deixou a revista Pauta de lado e buscou colocação no mercado de trabalho.  Teve experiências em redações e viveu o dia-a-dia das apurações para os meios impressos, sem nunca deixar de lado, porém, a produção no meio cultural. Mas é nas revistas que a jornalista encontra seus grandes prazeres na profissão. Elaborar bem suas reportagens, se aprofundar em pesquisas e apurações, além de criar textos que cativem e prendam os leitores.

Tornar-se editora não esfriou paixão pela reportagem

Atualmente, Vivi é editora assistente na Revista de História da Biblioteca Nacional. Há três anos na revista, hoje ela está como editora interina. A jornalista diz se sentir bem à vontade para executar as tarefas e assumir a responsabilidade de uma grande publicação, apesar de nunca ter estudado História, especificamente. Ela conta que as pesquisas são bastante estimulantes, e que, mesmo realizando, normalmente, um trabalho nos bastidores da revista, não abandona as pautas especiais, que constituem a melhor parte do trabalho jornalístico.

“Eu estou como editora, mas o mais bacana é a reportagem. Como editora eu não precisaria escrever, mas é o que gosto, o que acho mais bacana. É também um jeito de sair da rotina e aprender coisas novas. Você tem que estar sempre ligado, porque o mais interessante de uma pauta pode surgir depois de inúmeras entrevistas com o texto já encaminhado, e você tem de mudar tudo. É sempre um novo desafio”, declara.

Vivi também está participando da produção do documentário Samba e Jazz – irmãos na negritude, e está iniciando, junto com um amigo, a preparação de um livro também sobre música. Ela aponta, ainda, que o trabalho na área cultural tem seus prós e contras, que podem ser controlados com um pouco de sensibilidade. O jornalismo cultural abre as portas para um novo mundo, e possibilita sempre boas relações entre fontes e jornalistas.

Sobre o legado que a UFF lhe deixou, Vivi enumera principalmente: tudo que aprendeu, o conhecimento adquirido em sala de aula e em conversas informais com os professores, o clima do Iacs, e os momentos de confraternização entre amigos.

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